A concentração de propriedade das instituições de comunicação no Brasil, sustentada pela arcaica legislação de concessões e a estreita relação de poder e mídia, como resultado de um jogo de interesse político-econômico, implicou no oligopólio da mídia e no monopólio das comunicações no país: um terço dos senadores e 10% dos deputados eleitos para o quadriênio 2007/2010 controlam rádio ou televisão, e apenas seis grupos empresariais concentram a direção de mais da metade da circulação de noticias impressas.
A liberdade de produção e veiculação de conteúdo torna a internet o meio de comunicação social mais democrático, sobretudo pelas possibilidades de interação e participação. Ao mesmo tempo em que estabelece uma relação complementar, dialógica, com a mídia tradicional, no processo de convergências, a internet tem sido um potente contraponto à grande mídia, cuja se resume as Organizações Globo e ao Grupo Abril, do barão da mídia Victor Civita. Na linha de frente de combate situa um seleto grupo de blogs (de Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Luiz Nassif, Brizola Neto, Rodrigo Vianna) e sites (Carta Maior, O Vermelho, Carta Capital) que opõem aos ideais midiáticos e buscam rechaçar informações distorcidas, principalmente no campo político, onde se constata a postura tendenciosa.
Nesta campanha eleitoral, a grande mídia vem sistematicamente servindo de panfletagem do candidato tucano a presidência José Serra: criam factóides, fabricam escândalos sem ter prova alguma e acusam sem esperar se quer alguma investigação. No caso da receita, a quebra de sigilo foi realizada em setembro de 2009, quando a candidata petista ainda não era nem pré-candidata. O denunciador era filiado do PT, mas hoje afirma ser eleitor do tucano. José Serra, na época achou normal. Mas agora tenta usar o caso para fins eleitorais, acusando a campanha da Dilma, com apoio da mídia. Depois de investigações minuciosas, constatou-se que varias pessoas tiveram seus sigilos quebrados, inclusive o filho de Lula...
A Folha virou chacota no site do twitter, o terceiro post mais comentado do mundo está o tema #dilmafactsbyfolha (factóides da Folha sobre Dilma), onde os internautas inventam um caso que sempre tem como culpa a candidata Dilma numa alusão a postura do jornal de caluniar a petista, tais como: Mensalão romano. Petistas pagaram 30 moedas de prata para que Judas denunciasse Jesus / Dilma para Hitler em 1935: “esses judeus, eu não sei não, viu? / Marqueteiro do Serra é filiado ao PT...
A filha do tucano, Verônica Serra quebrou sigilo de cerca de 60 milhões de brasileiros, através de sua empresa Decidir.com em acordo discutível com o governo FHC em 2001, segundo reportagem da Carta Capital. Ela foi indiciada pelo MPF e a Policia Federal. Alguém viu alguma noticia ou reportagem na TV Globo sobre isso? A Folha e a Veja estamparam em suas capas? Saiu no Estadão, na Época, no O Globo?
Outro caso, mais recente (a historia do sigilo não colou, Serra caiu nas pesquisas) é do suposto tráfico de influencia da Casa Civil, que culminou no pedido de demissão de Erenice Guerra. O acusador, Ruben Quicoli que a mídia rotula de herói, estava preso por aliciamento de cargas roubadas e uso de dinheiro falso. A TV Globo não passou a ficha policial do acusador. E tentou associar o caso (a denuncia) à campanha de Dilma.
No governo Serra em São Paulo, desde 2007, o grupo Abril recebeu 34.704.472, 52 R$ (trinta e quatro milhões, setecentos e quatro mil, quatrocentos e setenta e dois reais, e cinqüenta e dois centavos) em assinaturas de revistas (inclusive a VEJA), publicadas no Diário Oficial do Estado de São Paulo. O material foi destinado às escolas da rede estadual. Isso explica tamanho esforço da mídia impressa para manipular, distorcer de forma escancarada para eleger Serra...
O governo Lula cogitou a implantação de um Conselho fiscalizador da Comunicação, tal como há para outros setores. Isso se tornou uma polêmica, pois estaria cessando a liberdade de imprensa. Houve a comparação do Brasil com a Venezuela, no caso em que Chávez não renovou a concessão da RCTV, rede de televisão privada. Mas lá a história é bem diferente. A TV sustentou um golpe de Estado contra a vontade do povo venezuelano que elegeu Chávez. Vale ressaltar que no governo Lula, houve o primeiro Congresso de Comunicação, no qual se discutiu o papel da mídia e democratização dos meios.
Toda denuncia grave tem de ser apurada, investigada e os eventuais culpados punidos. Compete às instituições judiciais realizar este processo. Cabe a imprensa denunciar a corrupção e servir de porta voz da sociedade. Mas tentar aproveitar uma denuncia, acusar sem provas, para fins eleitoreiros, sistematicamente contra um candidato, é um papel que contrai a ética jornalística. O jogo de interesse e a barganha são inerentes ao “coronelismo eletrônico”. Mas a internet tem sido a pedra no sapato do PIG (Partido da Imprensa Golpista) como é chamada a grande mídia pelos blogueiros progressistas.
Arnaldo Jabor afirmou em um evento em São Paulo que a vitória de Dilma é uma ameaça a democracia e concluiu: ”tem que haver um trabalho de precaução dos meios de comunicação. Temos que ser ofensivos e agressivos, não adianta reclamar depois”, argumentou o comentarista da TV Globo, sem discrição. Caro leitor, é pra isso que serve a liberdade de imprensa?