quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

quinta-feira, fevereiro 10, 2011 - No comments

Até quando o jornal impresso vai perdurar?




                      A partir da invenção da imprensa por Johann Gutenberg, por volta de 1450, tornou-se possível a produção em massa de cópias de livros. A tecnologia desenvolvida pelo inventor alemão marcava o inicio da Revolução da Imprensa. O invento é considerado o mais importante do período moderno. A prensa móvel de Gutenberg representou um avanço imensurável para a humanidade, principalmente na área da Comunicação, sobretudo na disseminação de conhecimentos através da escrita.

Gutemberg

                   A tipografia tornou-se uma tecnologia bastante útil para publicação de noticias, anúncios comerciais e propagação de ideais políticos, principalmente por iniciativa da burguesia, que percebeu o potencial do jornal como fonte de lucro. Assim surgiram os primeiros jornais impressos. Durante a Baixa Idade Média, em Veneza, a publicação era vendida por uma gazeta, moeda local.
                   A Revolução Industrial proporcionou uma expansão significativa e importante para os impressos, consolidando a massificação da produção e distribuição. Neste contexto, os governos bancavam parte das empresas jornalísticas com o objetivo de angariar prestigio junto à burguesia e a população leitora. Do mesmo modo, os opositores usavam o meio para direcionar criticas ao governo e rechaçar informações, embora com menos recursos.  
                   Depois da descoberta e evolução da tecnologia elétrica, o rádio surgiu como a grande novidade das Comunicações no fim do século XIX e inicio do XX. O aperfeiçoamento da transmissão sonora por meio de ondas eletromagnéticas tornava o meio de comunicação mais viável, pratico e moderno nessa época. Quando o rádio começava a se popularizar, pois era artigo de luxo da burguesia, da classe média alta, nas primeiras décadas, a televisão surgiu como uma invenção que superaria o aparelho radiofônico, cobiçado pela as classes menos escolarizadas e analfabetas que não usavam os jornais e revistas para se informar e se entreter.
                     O advento da TV, na década de 50, colocaria a existência do rádio à prova, uma vez que perdera investidores, anunciantes e os artistas mudaram para a “nova onda”. Porém, o rádio passou por transformações estruturais e de conteúdo, assegurando sua permanência e preferência enquanto meio pratico e bastante útil, com o surgimento dos modelos portáteis, sobretudo  por permitir que se ouça enquanto se faz outras atividades do dia-a-dia. Apesar de perder ouvintes que se tornaram telespectadores, mediante o crescimento econômico e industrial, que contribuiu na popularização da TV, o rádio se sustentou, contrariando o argumento dos que apontavam o seu fim. Os jornalistas por sua vez, continuavam com o publico fiel, leitor.  O nível de escolaridade da população melhorou notavelmente, e isso acentuou a produção de jornais e revistas. Outro fato não menos relevante, é consolidação do capitalismo enquanto sistema econômico predominante, movendo o eixo da publicidade e da propaganda, aumentando as receitas dos jornais, nas sociedades (cada vez mais) consumistas.
                      Criada com o intuito de interligar instituições militares e de pesquisa do governo americano, a internet avançava na década de 80, passando a formar uma rede mundial de computadores. A partir dos anos 90, as empresas comerciais, percebendo sua força como ferramenta de interação, negociação, pela praticidade, modernidade e rapidez do correio eletrônico, começavam a utilizar, marcando o inicio de uma nova era da informação. Na mesma década, as empresas de Comunicação, rádio, TV e jornais impressos, abraçaram o novo meio, acompanhando os avanços da tecnologia digital.
                    No início deste século, a internet tornou-se aliada dos meios convencionais, implicando no processo de convergência de mídias. Jornais, revistas, rádios e TVs, produzem suas versões on line. O barateamento do computador, paralelo ao melhor poder aquisitivo da população, propiciou o acesso de milhões de pessoas à internet. O mundo tornaria, (virtualmente) numa “aldeia global”, como diria o sociólogo canadense Marshall Mcluhan, já na década de 60, quando a televisão evidenciava o progresso tecnológico da informação. Desta vez a web “encurtou” as distancias geográficas. Os fatos importantes ocorridos do outro lado do globo são noticiados via internet praticamente em tempo real, e vice versa.
               Assim como o rádio estava com a existência ameaçada, a discussão (polêmica) atual, alimentada por profissionais, empresários da área, estudantes e especialistas, diz respeito ao provável fim do jornal impresso. Os jornais digitais têm inúmeras vantagens em relação ao convencional: mais interativos,  baixo custo da produção, atualização das noticias acessadas de forma instantânea, consulta a edições anteriores, classificados on line. Se o leitor internauta quiser uma versão da web em papel, basta imprimir. Mas editores de grandes grupos de Comunicação e especialistas acreditam que o impresso sobreviva à era digital, sendo usado de forma complementar. Uma mudança de conteúdo seria a solução para os jornais continuarem nas bancas, pois contaria as noticias em detalhes, uma vez que a TV, o rádio e Web, contam de forma resumida e objetiva. A interface do impresso permite ao leitor visualizar as matérias de forma rápida e eficiente. Outra situação que favorece é a condição de dobrar e levar o jornal para onde quiser, sem precisar de carga elétrica para funcionar. Por mais que seja avançada a tela de computador ela não tem essa condição.
                   Uma tendência evidente é a diminuição de leitores de jornais impressos, devido o grande crescimento de acesso à mídia digital. No Brasil, 46,1% da população lê jornal, segundo uma pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Desta percentagem, 24% lêem diariamente, e 30% lêem uma vez por semana, pelo menos. Este número de leitores vem caindo gradativamente. Os jornais do país faturaram R$ 1,65 bilhão com publicidade, segundo o grupo Meio & Mensagem. Porém, estima-se que daqui três décadas os jornais impressos deixarão de circular, e não serão mais um meio de comunicação de massa, apenas serão relíquias ou talvez arquivos dos leitores saudosistas.
            O editor chefe do renomado jornal americano “The New Work Times” admitiu publicamente que vai deixar de circular sua versão impressa até 2015. Por aqui já não há versão em papel deste jornal, apenas on line. Acredito que o meio impresso perdure por muitos anos. Enquanto haver leitores dispostos a folhear um jornal, investidor interessado em anunciar, não há duvida que sobreviva na era digital (aliado da web) e na sociedade da informação, pois editores e jornalistas empenhados e dispostos a conduzi-lo não faltarão. Embora a perspectiva futurista anuncie a extinção deste secular meio de Comunicação, é um equivoco apontar o fim do jornal impresso, prevendo a leitura das ultimas edições. O tempo nos responderá a indagação do titulo deste artigo. Quem viver verá